domingo, 17 de janeiro de 2010

PB é o Estado no Nordeste com menor alternância de legendas.

A reportagem do JORNAL DA PARAÍBA fez um levantamento para saber quais foram os partidos que governaram a Paraíba em mais de 20 anos de redemocratização, além de analisar o desempenho das principais siglas partidárias no Estado. O ponto de partida foi a eleição estadual de 1986, pleito que se seguiu ao movimento “Diretas Já” que culminou com a eleição de Tancredo Neves, o primeiro civil eleito para a presidência, embora indiretamente por meio de colégio eleitoral, marcando o final do regime militar.

Se houvesse um ranking que determinasse a alternância de poder, entre os partidos políticos, em todo o Nordeste, a Paraíba ficaria em último lugar. Desde a redemocratização, apenas dois partidos se revezaram na chefia do Executivo no Estado: o Partido do Movimento Democrático Brasileiro, PMDB e o Partido da Social Democracia Brasileira.

Analisando os números, o senador Cícero Lucena, do PSDB, tem uma outra interpretação para os dados. “É uma leitura estatística, numérica, que não comporta uma análise política – algo que acreditamos serem coisas diferentes. Em 1986, por exemplo, o governador Burity elegeu-se pelo PDMB, mas, em seguida, o próprio PMDB ganhou, mas disputando contra ele que posteriormente veio até a mudar de partido, a filiar, salvo engano no PRN”.

Em quase 30 anos de história, o poder mudou pouco de mãos...

Letras. Não mais do que isso. Por mais forte que possa ser a opinião do professor Ítalo Fittipaldi, a de que as siglas partidárias não passem disso, de símbolos gráficos, os fatos confirmam o que diz o cientista político. Quem tiver o cuidado de analisar a linha do tempo, disposta ao longo da página, perceberá como durante estes quase 30 anos analisados pela reportagem, o troca-troca de partidos foi uma constante.

Vejam-se os casos mais flagrantes dos atuais deputados federais Wilson Braga (ex PDS, PFL, PPR, PFL novamente, PDT), Marcondes Gadelha (ex PDS, PFL, PDT) e Enivaldo Ribeiro (ex PDS, PDT, PPB) com várias mudanças de partido. Mas não só os ocupantes dos cargos legislativos valeram-se da flexibilidade ideológica para trocar de partidos. Os governadores também fizeram uso disso. Surfando na onda adesista da Frente Liberal, dissidência do PDS, Wilson Braga trocou o PDS, pelo qual foi eleito, pelo PFL. O exemplo foi seguido pelo seu sucessor, Tarcísio Burity que, eleito pelo PMDB, envolveu-se em disputas internas no partido, abandonando a legenda e ingressando no PRN, partido de circunstância e hoje extinto. Criado para as eleições de 1989 vencida por Fernando Collor e ancoradouro dos adesistas de primeira hora.

Qual retrato que se revela dessa cronologia em que são elencados os principais fatos políticos na Paraíba e no Brasil? A de que, irremediavelmente, somos levados a concordar com a frase que Karl Max escreveu no 18 Brumário de Napoleão Bonaparte, em 1852, a de “a história se repete como farsa”. Partidos que não conseguem abrigar mais de uma liderança forte, coligações das mais heterodoxas, aproximações e afastamentos.

A história, mesmo tão recente como a enfocada aqui, mostra quantas lições podem ser tiradas para compreensão do presente.

Oligárquicos, MA e BA têm mais variação...

Analisados os números destas seis eleições para governador, a Paraíba, com apenas dois partidos, ficou abaixo de estados famosos por serem redutos de oligarquias como o Maranhão e a Bahia. Controlado pelo senador pelo Amapá, José Sarney, o Maranhão teve eleições vencidas três partidos (PMDB, 3 vezes PFL e PDT cujo mandato foi cassado e transferido ao PMDB). Chefe por décadas na Bahia, Antonio Carlos Magalhães (1927-2007), também com três partidos à frente da chefia do executivo (PMDB, 4 vezes PFL e PT).

Mais a falta de alternância de poder não é privilégio só da Paraíba, que teve apenas dois partidos vencendo as eleições majoritóras para o governo do estado desde 1986. O mais interessante é que a maioria, 6 estados nordestinos, já foi governada por três partidos, a exemplo de Bahia e Maranhão, já citados. É o caso de Pernambuco (2 vezes PMDB, PFL, 2 vezes PSB), Rio Grande do Norte (2 vezes PMDB, PFL e PSB), Piauí (3 vezes PMDB, PFL e 2 vezes PT) e o Ceará (PMDB, 3 vezes PSDB e PSB).

Apenas dois estados do Nordeste foram governados por 4 siglas diferentes, Alagoas (2 vezes PMDB, PSC, 2 vezes PSB e PSDB) e Sergipe (PFL, PMDB 2 vezes PSDB, PFL e PT). Outro detalhe interessante é que o único estado em que não houve reeleição foi a Bahia, mesmo que o partido de Antonio Carlos Magalhães. Aconteceu que o antigo PFL em 1998, quando foi implantada a reeleição, Paulo Souto não concorreu, cedendo a vez para o colega de partido, César Borges. Muito embora Souto tenha retornado como candidato em 2002, vencendo as eleições.

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