domingo, 17 de janeiro de 2010

O pecado da riqueza

Marcos Tavares

Estranhamente a Igreja Católica sempre teve um pé atrás com a riqueza e foi esse seu comportamento quem levou o povo judeu a virar financista. Como ter dinheiro, emprestar, enriquecer era pecado os católicos afastaram-se dessas atividades e os judeus, bem mais práticos, assumiram até hoje as finanças mundiais e financiaram desde as Cruzadas até a bomba atômica de Hiroshima. Essa reflexão vale quando o tema da Campanha da Fraternidade deste ano é “Economia e Vida” com o bordão de que você não pode servir a Deus e ao dinheiro ao mesmo tempo.

Não só pode, como deve, pois na minha fraca teologia, acho que a pobreza de ninguém, sua miséria, alegra Deus. Por essas e outras, os católicos estão perdendo a batalha para as igrejas evangélicas, que bem mais atuais não consideram a riqueza um pecado e, ao contrário, prometem aos seus fiéis não só as glórias celestiais como o conforto e a prosperidade na terra condição que atrai a maioria desses novos e convertidos cristãos. Na realidade ser rico não ofende em absoluto nenhum princípio religioso e se a pobreza é a devoção é também o caminho e a porta para a marginalidade.

Acho incrível como essa mesma igreja que prega o despojamento das coisas materiais seja uma das instituições mais ricas do mundo.Embalado na púrpura cardinalesca, o Vaticano é o paraíso na Terra e há séculos cumula fortunas em obras de artes, livros raros e dinheiro, o rico dinheirinho da espórtula dada na Missa que mantém funcionando essa imensa e multinacional máquina da religião. Nem mesmo os franciscanos escaparam do apelo à riqueza e se são pobres em votos, possuem belíssimas catedrais e terrenos imensos que causariam espanto ao pobrezinho de Assis.

Ao incutir no devoto essa ideia pecaminosa do dinheiro, a igreja faz parar a máquina que movimenta o mundo e retira do homem uma aspiração natural que é crescer profissionalmente, ser reconhecido e bem pago pelos seus trabalhos e serviços, ganhar honestamente sua riqueza terrena sem desprezar as benesses celestiais.

A pobreza é má conselheira, a história já provou isso várias vezes e o Papado mergulha num fantástico mundo povoado de castelos, limusines, ouro e prata que o desautoriza a pregar essa castidade financeira.

Não pratico o pecado da riqueza por puro azar, mas gostaria imensamente de estar nesse rol de amaldiçoados e com meu rico dinheirinho poder prover os mais necessitados enquanto provinha a mim mesmo das delícias terrenas.

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