Fábio Mozart
Na passagem dos 95 anos da morte do poeta paraibano Augusto dos Anjos - 12 de novembro de 1914 -, vi o documentário “Eu, Estranho Personagem”, com roteiro e direção do jornalista Deraldo Goulart. O filme mostra fatos da vida e da obra do poeta que morreu de pneumonia aos 30 anos de idade e deixou o livro “Eu”, que teve uma primeira impressão de mil exemplares custeada pelo autor em 1912. No ano de 1920, foi lançado como “Eu e outras poesias” por iniciativa do jornalista paraibano Órris Soares. O documentário exibe fotos, cartas, poemas e informações inéditas do autor do “Monólogo de uma Sombra”. Peca por passar pequenos erros de informação. Por exemplo, diz que Augusto dos Anjos nasceu na cidade de Engenho Pau D’arco, hoje Sepé. Nem o Pau D’arco é cidade e o lugar se chama Sapé. Na verdade, a fazenda Pau D’arco pertencia na época ao Município de Cruz do Espírito Santo.
O filme mostra um Augusto com personalidade “inquieta” e aversão à própria vida, o que é um retrato no mínimo duvidoso. Diz que ele perambulou durante dois anos pelo Rio de Janeiro, morando em 12 lugares e passando fome com a família. Não creio nessa versão, porque o poeta era filho de família abastada, embora decadente.
O único livro de Augusto dos Anjos é deprimente e triste como o uivo de um cão numa noite desesperada. Sou fascinado por este estranho poeta desde menino, quando soube que um rapaz suicidou-se em minha cidade, Timbaúba dos Mocós, após ler o “EU”. Dois livros que me amedrontavam na infância, pelas lendas que ouvia contar: o de Augusto e o Livro Negro de São Cipriano.
É um poeta universal. Ninguém sai ileso após ler os poemas de Augusto. Franz Kafka escreveu em 1904: “Um livro tem que ser como um machado para quebrar o mar de gelo que há dentro de nós”. Carlos Drummond de Andrade, quando conheceu a obra de Augusto, comparou o impacto do livro a um soco na cara.
Em Sapé, um rapaz acredita ser a reencarnação do poeta. Já lançou vários livretos com uma poesia ruim de correr água. Até mancava ligeiramente de uma perna, porque disseram que Augusto dos Anjos era manco. Mais uma lenda sobre o poeta do EU.
Na passagem dos 95 anos da morte do poeta paraibano Augusto dos Anjos - 12 de novembro de 1914 -, vi o documentário “Eu, Estranho Personagem”, com roteiro e direção do jornalista Deraldo Goulart. O filme mostra fatos da vida e da obra do poeta que morreu de pneumonia aos 30 anos de idade e deixou o livro “Eu”, que teve uma primeira impressão de mil exemplares custeada pelo autor em 1912. No ano de 1920, foi lançado como “Eu e outras poesias” por iniciativa do jornalista paraibano Órris Soares. O documentário exibe fotos, cartas, poemas e informações inéditas do autor do “Monólogo de uma Sombra”. Peca por passar pequenos erros de informação. Por exemplo, diz que Augusto dos Anjos nasceu na cidade de Engenho Pau D’arco, hoje Sepé. Nem o Pau D’arco é cidade e o lugar se chama Sapé. Na verdade, a fazenda Pau D’arco pertencia na época ao Município de Cruz do Espírito Santo.
O filme mostra um Augusto com personalidade “inquieta” e aversão à própria vida, o que é um retrato no mínimo duvidoso. Diz que ele perambulou durante dois anos pelo Rio de Janeiro, morando em 12 lugares e passando fome com a família. Não creio nessa versão, porque o poeta era filho de família abastada, embora decadente.
O único livro de Augusto dos Anjos é deprimente e triste como o uivo de um cão numa noite desesperada. Sou fascinado por este estranho poeta desde menino, quando soube que um rapaz suicidou-se em minha cidade, Timbaúba dos Mocós, após ler o “EU”. Dois livros que me amedrontavam na infância, pelas lendas que ouvia contar: o de Augusto e o Livro Negro de São Cipriano.
É um poeta universal. Ninguém sai ileso após ler os poemas de Augusto. Franz Kafka escreveu em 1904: “Um livro tem que ser como um machado para quebrar o mar de gelo que há dentro de nós”. Carlos Drummond de Andrade, quando conheceu a obra de Augusto, comparou o impacto do livro a um soco na cara.
Em Sapé, um rapaz acredita ser a reencarnação do poeta. Já lançou vários livretos com uma poesia ruim de correr água. Até mancava ligeiramente de uma perna, porque disseram que Augusto dos Anjos era manco. Mais uma lenda sobre o poeta do EU.
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