Fábio Mozart
No dia 18 de outubro de 1974, chegou a Itabaiana uma comitiva da Igreja Católica comandada pelo padre Alfredo Barbosa, de Cabedelo, com a missão de fundar aqui a Pastoral da Mulher Marginalizada, “dedicada ao atendimento das vítimas da prostituição”. Era um encontro de formação com a assistente social Maria de Lourdes Carvalho e as voluntárias Raquel de Vasconcelos e Teresa Neuma. A tentativa fracassou, porque não foi encontrado ninguém para assumir a pastoral das prostitutas. Itabaiana é uma cidade muito preconceituosa, e para se dedicar a esse tipo de serviço é preciso ter paciência, compreensão e atitude fraterna para com os marginalizados.
Esse padre Alfredo Barbosa foi um santo homem. Cuidou dos pobres e oprimidos, lutou pela cultura e deixou seu nome gravado no panteão dos vultos ilustres e generosos da Paraíba. Sua luta era contra a tradição e o preconceito com relação às chamadas “mulheres da vida”. Brandindo o livro das contradições, a Bíblia, os pastores protestantes citavam Provérbios 5: 3 para condenar o trabalho do padre: “Os lábios da mulher licenciosa destilam mel, mas o seu fim é amargo como o absinto; afasta-te dela antes que chegues à ruína completa”. Já padre Alfredo também citava a Bíblia em Mateus 21, 31, onde se lê que as raparigas chegarão ao céu primeiro do que os pastores. Hebreus 11,31 esclarece que Deus pessoalmente concedeu a salvação a uma prostituta por nome Raab.
A própria Igreja Católica sempre teve um sentimento de ódio e rancor contra as mulheres. Começa por proibir o casamento aos padres. A mulher não tinha direito à própria alma. Só ganhou por uma maioria de três votos no Concílio de Marcon. A Bíblia culpa a mulher pelo pecado de Adão. São João Crisóstomo bradava sua misoginia nos púlpitos, acusando a mulher de ser a causa do mal, “a pedra do túmulo, a porta do inferno”. Santo Antonio foi outro a difundir sua aversão ao sexo feminino. Para ele, a mulher “é a cabeça do crime, arma do diabo”.
O certo é que as prostitutas acreditavam em Deus e não em preservativo. Por isso as mães com muitos filhos de pais diferentes, filhos menores nos cabarés, desnutrição, doença, exploração, fome, violência, analfabetismo e carência de tudo. Essa era a realidade encontrada nas zonas do meretrício pelas freiras e voluntárias da Pastoral da Mulher Marginalizada.
Durante muito tempo, Itabaiana foi um dos maiores centros de prostituição do Nordeste. Os cabarés daqui eram famosos, atraindo prostitutas de muitas regiões. A Igreja Católica combatia esse negócio com vigor. O padre não aceitava as putas na igreja. Delegados de polícia proibiam-nas de andar pelas ruas depois das dez horas, raspavam as cabeças das pobres mulheres e causavam todo tipo de constrangimento às hoje chamadas “profissionais do sexo”. Com a decadência econômica, acabou a zona. Ficou o preconceito contra essas mulheres e cidadãs. Tanto que a própria Igreja até hoje não conseguiu formar sua Pastoral para cuidar dessas mulheres infelizes na antiga “capital da putaria”.
www.fabiomozart.blogspot.com
No dia 18 de outubro de 1974, chegou a Itabaiana uma comitiva da Igreja Católica comandada pelo padre Alfredo Barbosa, de Cabedelo, com a missão de fundar aqui a Pastoral da Mulher Marginalizada, “dedicada ao atendimento das vítimas da prostituição”. Era um encontro de formação com a assistente social Maria de Lourdes Carvalho e as voluntárias Raquel de Vasconcelos e Teresa Neuma. A tentativa fracassou, porque não foi encontrado ninguém para assumir a pastoral das prostitutas. Itabaiana é uma cidade muito preconceituosa, e para se dedicar a esse tipo de serviço é preciso ter paciência, compreensão e atitude fraterna para com os marginalizados.
Esse padre Alfredo Barbosa foi um santo homem. Cuidou dos pobres e oprimidos, lutou pela cultura e deixou seu nome gravado no panteão dos vultos ilustres e generosos da Paraíba. Sua luta era contra a tradição e o preconceito com relação às chamadas “mulheres da vida”. Brandindo o livro das contradições, a Bíblia, os pastores protestantes citavam Provérbios 5: 3 para condenar o trabalho do padre: “Os lábios da mulher licenciosa destilam mel, mas o seu fim é amargo como o absinto; afasta-te dela antes que chegues à ruína completa”. Já padre Alfredo também citava a Bíblia em Mateus 21, 31, onde se lê que as raparigas chegarão ao céu primeiro do que os pastores. Hebreus 11,31 esclarece que Deus pessoalmente concedeu a salvação a uma prostituta por nome Raab.
A própria Igreja Católica sempre teve um sentimento de ódio e rancor contra as mulheres. Começa por proibir o casamento aos padres. A mulher não tinha direito à própria alma. Só ganhou por uma maioria de três votos no Concílio de Marcon. A Bíblia culpa a mulher pelo pecado de Adão. São João Crisóstomo bradava sua misoginia nos púlpitos, acusando a mulher de ser a causa do mal, “a pedra do túmulo, a porta do inferno”. Santo Antonio foi outro a difundir sua aversão ao sexo feminino. Para ele, a mulher “é a cabeça do crime, arma do diabo”.
O certo é que as prostitutas acreditavam em Deus e não em preservativo. Por isso as mães com muitos filhos de pais diferentes, filhos menores nos cabarés, desnutrição, doença, exploração, fome, violência, analfabetismo e carência de tudo. Essa era a realidade encontrada nas zonas do meretrício pelas freiras e voluntárias da Pastoral da Mulher Marginalizada.
Durante muito tempo, Itabaiana foi um dos maiores centros de prostituição do Nordeste. Os cabarés daqui eram famosos, atraindo prostitutas de muitas regiões. A Igreja Católica combatia esse negócio com vigor. O padre não aceitava as putas na igreja. Delegados de polícia proibiam-nas de andar pelas ruas depois das dez horas, raspavam as cabeças das pobres mulheres e causavam todo tipo de constrangimento às hoje chamadas “profissionais do sexo”. Com a decadência econômica, acabou a zona. Ficou o preconceito contra essas mulheres e cidadãs. Tanto que a própria Igreja até hoje não conseguiu formar sua Pastoral para cuidar dessas mulheres infelizes na antiga “capital da putaria”.
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