E O FREI DEU MARCHA Á RÉ !

Para mim fica evidente que o “ex guerrilheiro” conhecido como Frei Anastácio, “bateu pino” ao não citar em seu relatório entregue à Secretaria de Segurança e Defesa Social, os nomes de integrantes do Poder Judiciário e Legislativo, além de delegados cíveis e federais envolvidos com grupos de extermínio na Paraíba.

O Frei sequer menciona o caso bastante sério de um ex Presidente do Tribunal de Justiça às voltas com o “crime organizado” e de um atual Deputado Federal envolvido no assassinato do advogado e militante dos direitos humanos Manoel Matos Neto. Frei Anastácio de forma cômoda e confortável denuncia os executores, na maioria nomes de “pequeno porte”, mas foi omisso quanto aos seus mandantes.

Sua atual condição de apoiador do “governo Maranhão” e agora não mais envergando as “vestes da guerrilha” e sim a condição de burocrata com direito as benesses do poder e enrabichado a condição de “amigo do rei”, pôs um freio as denúncias do Frei, o qual optou pelo confortável abrigo a frente da Superintendência do INCRA em João Pessoa.

Para quem no passado chegou a me confidenciar, quando fui advogado da FETAG/PB, que jamais apertaria a mão de um juiz, dado as evidências com que alguns integrantes do Poder Judiciário se inclinavam em direção ao latifúndio armado, é uma mudança significativa e tremenda “batida de pino”.

Relembro que em mais de uma entrevista, uma delas no Sertão paraibano, e em manifestações junto a entidades e personalidades democráticas e progressistas que fazem a luta popular em nosso estado, o Frei ter afirmado de forma contundente que tinha dados apontando o envolvimento de juízes e desembargadores com o Crime Organizado, no entanto, agora, não consta o nome de nenhum magistrado no relatório que o superintendente do INCRA na Paraíba protocolou junto a Secretaria de Segurança e Defesa Social.

Frei Anastácio fez chegar àquela Secretaria, uma lista onde existem apenas 34 nomes de elementos em sua maioria de “pequeno porte”, sendo 16 capangas de fazendas, 12 policiais militares, um agente da Polícia Civil e cinco proprietários de terra. Ali naquele “relatório mixuruca”, o Frei Anastácio freia e, dando marcha a ré às suas denuncias, entrega executores “pequenos” e silencia quanto aos grandes mandantes. Entende-se, pelo novo comportamento do Frei Anastácio que estamos a vivenciar NOVOS TEMPOS, onde o conforto e as muitas benesses do “pragmatismo partidário” valem bem muito mais que a exposição corajosa da verdade a qual assegura dignidade, mas não dividendos.

Fernando Eneas