Luís Tôrres / Governador de Pernambuco derruba mitos.

Tem uma diferença crucial entre o boato e a verdade. O primeiro se constrói com versões. A segunda com fatos. E foi com eles que o prefeito Ricardo Coutinho voltou de Pernambuco após audiência com governador Eduardo Campos, presidente nacional do PSB. Jovial como a idade supõe, Campos deixou claro que a direção nacional do partido, nem de longe, será empecilho para a pavimentação da candidatura do mago ao governo da Paraíba em 2010.

Gravado em vídeo e em áudio, o governador disse textualmente que caberá a Ricardo “comandar todo o processo eleitoral do PSB”, arrematando: “Com a minha ajuda”. O recado, mesmo que dito com ar simpático peculiar a Campos, foi bem direto ao deputado federal Manoel Júnior, que tem deixado sempre no ar a vaga idéia de que o PSB Nacional poderia dar um golpe no prefeito da Capital, decepando-lhe o desejo de disputar o governo da Paraíba.

É estranho, no entanto, que o deputado Manoel Júnior tenha participado de recente encontro junino com o governador Eduardo Campos e voltado de lá em silêncio. Como provas, Júnior só divulgou fotos. Que mostram, sem dúvida alguma, a boa relação do deputado federal paraibano com Eduardo Campos. Mas nada mais do que isso.

Aliás, Júnior fez questão de dizer que falou sobre política com Campos, “mas que era melhor manter segredo”. Ou porque ouviu o que não gostou ou porque não ouviu nada.

O fato é que Eduardo Campos deixou transparecer que tem um olhar atento ao desenrolar dos passos de Ricardo na Paraíba. Logo ele que, na campanha em Pernambuco, começou atrás nas pesquisas, sabe quem tem e quem não tem potencial de competitividade na disputa.

Campos mira Ricardo porque sabe que não pode perder a chance de ajudar a construir algo que lá na frente pode se transformar o PSB, que já governa Pernambuco, Ceará e o Rio Grande do Norte, num partido hegemônico no Nordeste. O que lhe renderá, por tabela, projeções nacionais.

Assim, foi dando uma licença partidária que Campos reafirmou o compromisso do PSB em acompanhar os passos de Ricardo empurrando-o para frente. Não para baixo, como querem algumas lideranças socialistas.

Aliás, se a coisa avançar e Campos perceber que Manoel Júnior pode ser um empecilho ao projeto do partido, a direção nacional poderá remover os entraves como quem joga fora peso de balões a gás.

De um jeito e de outro, o deputado Manoel Júnior deve passar a pensar em outra estratégia para agradar Maranhão e manter-se com prestígio junto ao projeto de reeleição do governador.