Poucas palavras
No discurso de inauguração de um posto de saúde em Paulista, no Grande Recife, na tarde de quarta-feira, Lula disse que falaria pouco. Ele já manifestava os primeiros sinais de pressão alta.
Ao tentar conciliar a agenda presidencial com a pré-campanha de Dilma Rousseff,Lula sucumbe ao stress e é internado às pressas com uma crise de hipertensão – mal que acomete 30 milhões de brasileiros...
A internação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na semana passada, no Real Hospital Português de Beneficência, no Recife, é reveladora de como é fácil superestimar nossos limites físicos e emocionais e subestimar os sinais de alerta emitidos pelo organismo. Menos de vinte dias depois de terminadas as férias de verão, a crise de hipertensão experimentada por Lula está associada ao stress. O ritmo alucinante empreendido pelo presidente logo que voltou das férias contraria o que a maioria dos médicos recomenda nesses casos. O mais correto é começar a embalar um pouco na última semana de férias e ir com calma na retomada do expediente. Calma e Lula não costumam andar juntos. O presidente reentrou na arena administrativa e eleitoral como quem embarca em um automóvel a 100 quilômetros por hora. A cabeça comandou, mas o corpo não obedeceu e reagiu emitindo sinais bioquímicos característicos. A cadeia de reações do organismo nesses casos já é um clássico da medicina. Em resposta ao stress, o organismo acelera a produção de certas substâncias que aumentam o batimento cardíaco, a pressão arterial, a taxa de açúcar no sangue e deprimem o sistema imunológico. A pessoa sente-se cansada, fica mais irritável e parece estar com uma gripe encruada, daquelas que não pioram, mas também não vão embora. "Ele está claramente tenso, cansado. É visível a mudança em seu humor neste início de ano", diz um ministro próximo de Lula. O único que parecia não notar os sinais (evidentes) do desgaste era o próprio presidente.
O organismo de Lula, como se viu, não quis nem saber das urgências eleitorais do político Lula – a mais aguda delas a viabilização da candidatura presidencial de Dilma Rousseff, ministra-chefe da Casa Civil. Ao mesmo tempo o político Lula deu uma banana para o organismo com a mesma ênfase que peitou o Tribunal de Contas da União (TCU)
Em ritmo de campanha, o presidente tem se alimentado mal, dormido pouco, feito ainda menos exercícios físicos e fumado muito. Desde a volta do descanso com a família na Praia de Aratu, na Bahia, e no Guarujá, em São Paulo, no último dia 11, Lula já percorreu mais de 18 000 quilômetros pelo Brasil ao lado de Dilma. Nos dezessete dias de trabalho no ano, o presidente participou de 29 eventos públicos fora da capital e esteve em quinze cidades. Suas jornadas de trabalho chegavam até a quinze horas diárias.
LEIA NA ÍNTEGRA
No discurso de inauguração de um posto de saúde em Paulista, no Grande Recife, na tarde de quarta-feira, Lula disse que falaria pouco. Ele já manifestava os primeiros sinais de pressão alta.
Ao tentar conciliar a agenda presidencial com a pré-campanha de Dilma Rousseff,Lula sucumbe ao stress e é internado às pressas com uma crise de hipertensão – mal que acomete 30 milhões de brasileiros...
A internação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na semana passada, no Real Hospital Português de Beneficência, no Recife, é reveladora de como é fácil superestimar nossos limites físicos e emocionais e subestimar os sinais de alerta emitidos pelo organismo. Menos de vinte dias depois de terminadas as férias de verão, a crise de hipertensão experimentada por Lula está associada ao stress. O ritmo alucinante empreendido pelo presidente logo que voltou das férias contraria o que a maioria dos médicos recomenda nesses casos. O mais correto é começar a embalar um pouco na última semana de férias e ir com calma na retomada do expediente. Calma e Lula não costumam andar juntos. O presidente reentrou na arena administrativa e eleitoral como quem embarca em um automóvel a 100 quilômetros por hora. A cabeça comandou, mas o corpo não obedeceu e reagiu emitindo sinais bioquímicos característicos. A cadeia de reações do organismo nesses casos já é um clássico da medicina. Em resposta ao stress, o organismo acelera a produção de certas substâncias que aumentam o batimento cardíaco, a pressão arterial, a taxa de açúcar no sangue e deprimem o sistema imunológico. A pessoa sente-se cansada, fica mais irritável e parece estar com uma gripe encruada, daquelas que não pioram, mas também não vão embora. "Ele está claramente tenso, cansado. É visível a mudança em seu humor neste início de ano", diz um ministro próximo de Lula. O único que parecia não notar os sinais (evidentes) do desgaste era o próprio presidente.
O organismo de Lula, como se viu, não quis nem saber das urgências eleitorais do político Lula – a mais aguda delas a viabilização da candidatura presidencial de Dilma Rousseff, ministra-chefe da Casa Civil. Ao mesmo tempo o político Lula deu uma banana para o organismo com a mesma ênfase que peitou o Tribunal de Contas da União (TCU)
Em ritmo de campanha, o presidente tem se alimentado mal, dormido pouco, feito ainda menos exercícios físicos e fumado muito. Desde a volta do descanso com a família na Praia de Aratu, na Bahia, e no Guarujá, em São Paulo, no último dia 11, Lula já percorreu mais de 18 000 quilômetros pelo Brasil ao lado de Dilma. Nos dezessete dias de trabalho no ano, o presidente participou de 29 eventos públicos fora da capital e esteve em quinze cidades. Suas jornadas de trabalho chegavam até a quinze horas diárias.
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