
"É uma atitude equivocada sob todos os aspectos da gestão pública. Se ocorrerem repasses, vou abrir processo contra os responsáveis, ainda que entre eles esteja o presidente da República", diz o procurador do Ministério Público junto ao TCU, Marinus Marsico. Os trâmites de uma eventual batalha na Justiça ainda são desconhecidos, dado o ineditismo do caso. "Vamos estudar essa questão a fundo. Nunca pensei que isso pudesse acontecer", espantou-se o procurador. Não faltaram sinais. Antes de atropelar o TCU, Lula já havia apontado a patrola do governo na direção do órgão. Não é de agora que o presidente tenta desmerecer o trabalho dos fiscais e responsabilizar o tribunal pelo atraso das obras do PAC. Ele chegou até a cogitar a possibilidade de criação de um órgão, subordinado ao governo, para supervisionar as fiscalizações. A ofensiva federal contra uma das poucas instituições capazes de descobrir e coibir grandes maracutaias com dinheiro público ainda não inviabilizou por completo o trabalho do TCU, mas já produz efeitos danosos. Até hoje, sempre que votava o orçamento do ano seguinte, o Congresso costumava acatar nove em cada dez recomendações do tribunal para paralisar repasses a obras suspeitas. Isso certamente impediu que algumas centenas de milhões de reais virassem fumaça. No fim do ano passado, porém, apenas metade das recomendações foi acolhida – decisão que só faz bem a empreiteiros desonestos e políticos que parasitam esse ecossistema.
Nenhum comentário:
Postar um comentário