quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Passagem desbotada na memória

Fábio Mozart

Israel Elídio de Carvalho Filho é um pacato professor na também pacífica e apática Itabaiana, uma cidadezinha que repousa indolente às margens do rio Paraíba. Em 1966, Israel era estudante secundarista. Foi preso e denunciado pelo promotor militar Francisco de Paula Accioly Filho como participante do Grupo dos Onze, com base no Inquérito Militar presidido pelo Major Benedito Cordeiro, publicado no Jornal do Comércio de 29.12.66. Afinal de contas, o que diabo vem a ser o Grupo dos Onze e o que Israelzinho fazia nessa organização tão perigosa para os ridículos militares golpistas, encastelados no poder naqueles tempos infames?

Conforme minhas pesquisas, o tal Grupo dos Onze foi uma organização que, na realidade, nunca chegou a sair verdadeiramente do papel. Em 1964, Leonel Brizola desconfiava de que as Forças Armadas estavam tramando um golpe para afastar do governo o Presidente João Goulart, seu cunhado. Foi então que planejou uma espécie de contragolpe, oposição à quartelada que se delineava. Era o grupo dos “onze companheiros” que iriam defender o Brasil do golpe e apoiar as reformas de base prometidas pelo Governo. Em 1965, Brizola lança o jornal “Panfleto”, o único a ser editado, que dava as coordenadas sobre a organização dos grupos, precauções, deveres dos membros e dos dirigentes. Com a organização dos grupos dos onze, Brizola fazia uma alusão a onze atletas de um time de futebol, em que os membros de cada relação de onze seriam, segundo ele, os soldados que integrariam as fileiras do Exército Popular de Libertação (EPL), ramificados nos principais estados da união. Foram formados 5.304 grupos que resultariam num exército de 58.344 pessoas. Sendo um nacionalista extremado, Brizola antevia a performance da oposição e lutou com todas as suas forças para evitar o golpe militar que acabaria por acontecer em 31 de março de 1964.

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