Conflitos marcaram a fundação do PT.O Partido dos Trabalhadores, que completa 30 anos de fundação hoje teve um processo tumultuado no seu nascedouro na Paraíba, conduzido por militantes vinculados a movimentos da igreja católica, que, em parte, se afastaram provisoriamente da sua organização, e ativistas de organizações clandestinas de esquerda, como o Partido Comunista Revolucionário, Partido Comunista Brasileiro Revolucionário e Movimento de Emancipação do Proletariado.
Num livro em que aborda a construção e trajetória da agremiação no estado, o professor Paulo Giovani Antonino Mendes, narra que a comissão provisória que dirigiu o PT local, de 1980 até a eleição da sua primeira diretoria efetiva, em março de 81, era composta por Wanderly Farias, Vanderley Amado, Sônia Germano, José Alves, Anísio Maia, Neide Miele, Eliezer Gomes, Climídia Nunes, Manoel Bernardino e Afonso Francisco. Os trotkistas não tinham representação na comissão, mas os intelectuais ganharam peso na estrutura e na condução dos primeiros passos.
Eliezer Gomes, metalúrgico e um dos coordenadores da Pastoral da Juventude e primeiro presidente da sigla, lembra do racha entre a Pastoral Operária e outros setores da igreja. Ele continua militando nas fileiras do PT e integra o atual diretório municipal de João Pessoa. Lamenta que petistas desiludidos tenham abandonado a legenda, e acredita que o PT conquistou espaços valiosos, além de enfatizar as mudanças que, a seu ver, o governo Lula tem implementado. "O PT nasceu, essencialmente, da liderança e do carisma de Lula, e vejo com alegria o crescimento da candidatura de Dilma Rousseff", disse, ele, observando que a predominância de múltiplas facções sempre foi uma característica do partido.
O então líder operário do ABC paulista, Luiz Inácio Lula da Silva, participou das atividades de lançamento oficial do partido em João Pessoa e em outras cidades do interior, em agosto de 1980. Logo após a fundação, eclodiram as divergências. Os conflitos internos provocaram a saída de um grupo de militantes que passou a discordar da linha política do partido, diante da conjuntura, e a rejeitar o ingresso de lideranças estaduais que pretendiam se filiar ao PT mas eram consideradas "burguesas" ou oriundas de partidos tradicionais e conservadores, vinculados ao regime militar. Na época, 58 militantes divulgaram um documento apontando contradições do partido, e ingressaram, curiosamente, no PMDB. Uma das bandeiras dos militantes que desertaram era a convocação de uma Constituinte. O caso motivou interferência da direção nacional, que considerou equivocada a atitude dos descontentes e acusou alguns deles de tentar sabotar a expansão da legenda. Através de Jacó Bittar, secretário nacional, a cúpula apontou ambições pessoais em jogo, incompatíveis com a construção do projeto de poder alternativo.
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