sexta-feira, 16 de outubro de 2009

FÁBIO MOZART - Botando a mãe no meio

Por causa de um desvio mental, sou um camarada que coleciono poesia ruim. Organizo uma belíssima coletânea de poemas mais do que medíocres. Como especialista nessa parte da literatura de detritos, há muito venho me debruçando (essa expressão é de lascar!) sobre a obra do poeta Caixa D’água, tido como avançado surrealista paraibano que heroicamente publicava versos e vendia aos incautos no Ponto Cem Réis, em João Pessoa.

Manoel Caixa D’água acreditava ser um intelectual, e muitos pseudo-intelectuais admitiam a qualidade dos versos dele. “Caminho perdido” é o mais famoso poema de Caixa, que até hoje os estudiosos procuram entender sua profundidade. Eis a obra-prima:

"Se as noites envelhecessem,
se os meus olhos cegassem,
se os fantasmas dançassem (Não são os fantasmas?)
em blocos de neve
para que me ensinassem
o caminho por onde eu caminhei.
A cidade sem porta,
as ruas brancas de minha infância
que não voltam mais.
Se minha mãe se abruma,
se o mar geme,
se os mortos não voltam mais,
se as matas silenciosas
não recebem visitas,
se as folhas caem,
se os navios param,
se o vento norte
apagou a lanterna,
eu tinha nas minhas mãos somente sonhos.
Eu tinha nas minhas mãos somente sonhos!"

LEIA NA ÍNTEGRA
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