Biu Penca Preta já faz parte da mitologia desta cidade, onde Jessier Quirino veio beber na fonte meio salobra da sabedoria e simplicidade da gente do interior. Sagaz, inteligente, espirituoso e satírico, Penca Preta é uma figura destacada na paisagem humana deste lugar.
Deu-se que, nos anos dourados dos setenta, estavam se formando os primeiros doutores advogados itabaianenses. O futuro doutor Pedro José da Silva, homem qualificado para liderança, fundou a Associação dos Universitários de Itabaiana e inventou de fazer um júri simulado para congregar os acadêmicos de direito. O decano Arnaud Costa foi convidado para presidir o júri, tendo como promotor o futuro juiz de direito Marcos William. O advogado de defesa atendia pelo nome de Arnaldo Barbalho, já falecido.
Faltando a figura do réu, encarregaram Luiz Paraíba de procurar um sujeito que fizesse esse papel no tal júri simulado. Luiz saiu pelos bares à procura de um bebinho convincente. Encontrou Biu Penca Preta num bar pé sujo do mercado, os olhos vermelhos, os cabelos desgrenhados clamando por um pente e a camisa do “Nó Cego” exibindo marcas de suor nas axilas. Feito o convite, Biu aceitou na hora, mas antes exigiu pagamento na forma de uma meiota, a ser consumida depois do tal julgamento. Trato feito, levaram Penca para a Câmara de Vereadores, que já reunia bom número de assistentes.
Começando o júri, o juiz chamou o réu para as perguntas formais:
--- Seu nome?
--- Severino Pereira da Silva, conhecido por Biu Penca Preta.
--- Profissão?
--- Engenheiro do Departamento de Estradas de Rodagens e boêmio nas horas vagas...
Os presentes iniciaram uma risadagem, logo contida pela campainha da mesa.
O “promotor” tomou a palavra, carregando nas tintas contra o réu:
--- Senhores jurados, esse homem é um marginal, um elemento nocivo à sociedade, um sujeito perigoso, como provam os autos. Esse homem que está sentado no banco dos réus é um criminoso que deve ser afastado do nosso convívio.
--- Protesto, seu juiz! – gritou Biu, levantando-se do banco, para galhofa geral dos presentes. – Isso é uma mentira, não admito que esse promotor fique me esculhambando!
O juiz fez soar a campainha em meio à confusão. Chamou Biu de lado:
--- Biu, você é réu, e réu não pode falar.
Depois de explicados esses detalhes técnicos, o réu voltou ao seu banco, reiniciando-se o julgamento. O promotor, no entanto, foi aconselhado a diminuir os ataques contra o réu, para evitar nova intervenção. Arnaldo Barbalho, o “advogado de defesa”, trêmulo e de voz embargada pela emoção de participar pela primeira vez de um julgamento, mesmo simulado, articulou uma defesa um tanto frágil, devido à inibição e poucos conhecimentos jurídicos. Biu Penca Preta levantou-se de novo do banco dos réus:
--- Doutor Juiz, o réu pede a palavra!
--- O réu não pode falar, eu já disse.
--- Meretíssimo, eu mesmo quero me defender, porque com um advogado dessa qualidade, vou acabar pegando prisão perpétua e mais dois anos de reclusão!
Novo buchicho no plenário, todo mundo rindo, desordem geral que acabou com a sessão simulada.
www.fabiomozart.com
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Deu-se que, nos anos dourados dos setenta, estavam se formando os primeiros doutores advogados itabaianenses. O futuro doutor Pedro José da Silva, homem qualificado para liderança, fundou a Associação dos Universitários de Itabaiana e inventou de fazer um júri simulado para congregar os acadêmicos de direito. O decano Arnaud Costa foi convidado para presidir o júri, tendo como promotor o futuro juiz de direito Marcos William. O advogado de defesa atendia pelo nome de Arnaldo Barbalho, já falecido.
Faltando a figura do réu, encarregaram Luiz Paraíba de procurar um sujeito que fizesse esse papel no tal júri simulado. Luiz saiu pelos bares à procura de um bebinho convincente. Encontrou Biu Penca Preta num bar pé sujo do mercado, os olhos vermelhos, os cabelos desgrenhados clamando por um pente e a camisa do “Nó Cego” exibindo marcas de suor nas axilas. Feito o convite, Biu aceitou na hora, mas antes exigiu pagamento na forma de uma meiota, a ser consumida depois do tal julgamento. Trato feito, levaram Penca para a Câmara de Vereadores, que já reunia bom número de assistentes.
Começando o júri, o juiz chamou o réu para as perguntas formais:
--- Seu nome?
--- Severino Pereira da Silva, conhecido por Biu Penca Preta.
--- Profissão?
--- Engenheiro do Departamento de Estradas de Rodagens e boêmio nas horas vagas...
Os presentes iniciaram uma risadagem, logo contida pela campainha da mesa.
O “promotor” tomou a palavra, carregando nas tintas contra o réu:
--- Senhores jurados, esse homem é um marginal, um elemento nocivo à sociedade, um sujeito perigoso, como provam os autos. Esse homem que está sentado no banco dos réus é um criminoso que deve ser afastado do nosso convívio.
--- Protesto, seu juiz! – gritou Biu, levantando-se do banco, para galhofa geral dos presentes. – Isso é uma mentira, não admito que esse promotor fique me esculhambando!
O juiz fez soar a campainha em meio à confusão. Chamou Biu de lado:
--- Biu, você é réu, e réu não pode falar.
Depois de explicados esses detalhes técnicos, o réu voltou ao seu banco, reiniciando-se o julgamento. O promotor, no entanto, foi aconselhado a diminuir os ataques contra o réu, para evitar nova intervenção. Arnaldo Barbalho, o “advogado de defesa”, trêmulo e de voz embargada pela emoção de participar pela primeira vez de um julgamento, mesmo simulado, articulou uma defesa um tanto frágil, devido à inibição e poucos conhecimentos jurídicos. Biu Penca Preta levantou-se de novo do banco dos réus:
--- Doutor Juiz, o réu pede a palavra!
--- O réu não pode falar, eu já disse.
--- Meretíssimo, eu mesmo quero me defender, porque com um advogado dessa qualidade, vou acabar pegando prisão perpétua e mais dois anos de reclusão!
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