Fábio Mozart
Estava almoçando no restaurante da rodoviária em Itabaiana com Marcos Veloso e Clévia Paz, quando fui apresentado a uma figura que imediatamente me fez sacar meu caderninho de notas para os temas mais inesperados que surgem do nada, e se encaixam na feição deste blog. No momento inaugurei uma câmera digital que comprei fiado do meu compadre Gilberto Júnior, tirando o retrato da figura. É um rapaz por nome Reginaldo Marques, agricultor ocasional, intérprete e compositor profissional, morador do Porto da Canoa, distrito de Guarita, município de Itabaiana.
Não sabia, mas fiquei sabendo que Reginaldo Marques já gravou um Long Play (os da novíssima geração nem sabem o que significa isso) e quatro CDs de músicas românticas, comumente chamadas de brega. Sua melhor lembrança: fez uma música em louvor da atriz Daniela Perez, assassinada pelo namorado, e recebeu um telefonema de agradecimento da mãe da falecida.
Nosso cantor tem sofrido muito para distribuir seu último CD, obra que contou com a participação de Mó do Acordeão, filho de Pinto do Acordeão, Glauco do “Colo de Menina” e outros cobras da música regional bregueira. O caso é que o público não aceitou o trabalho de Reginaldo. Não ouvi o dito cujo, mas soube que é ruim de correr água, desses que o sujeito recebe de graça e ainda faz cara feia. Outros simplesmente recusam, com a desculpa de que o som quebrou. Mas Reginaldo não desfalece, acredita no seu trabalho e segue conduzindo seu sonho nesse mundo de gente insensível. Para divulgar o CD, paga cinco reais aos meninos dos carrinhos de CD pirata para tocarem o disco pelas ruas. Os safados simplesmente boicotam e não tocam o disco de Reginaldo. “Sai do ar” no momento em que o cantor dá as costas. Por isso ele vive pelas ruas, emboscando os carrinhos, conferindo se o CD está sendo executado.
O artista percebeu meu interesse, procurou saber se eu era radialista. Seus olhos brilhavam enquanto falava da carreira artística. Quando perguntei se era agricultor, vi seu semblante envergonhado. Disse que nas horas vagas cultivava uma terrinha em Pororoca de Guarita, mas sua profissão é cantor e compositor. Nosso artista não é filiado à Ordem dos Músicos nem ao famigerado Ecad, que arrecada direitos autorais. Tem carteirinha, que fez questão de mostrar, da Sociedade Brasileira de Administração e Proteção de Direitos Intelectuais, entidade da qual também jamais ouvi falar.
Portanto, quem quiser ouvir o CD de Reginaldo Marques, é só entrar em contato que eu sou o seu mais novo divulgador. Não entro no mérito da qualidade das músicas, que nem cheguei a escutar, mas admiro as pessoas que sustentam um inabalável propósito, por ele vivem e com ele morrem. Pode ser um produto vagabundo, sem qualidade artística, mas agrega os valores da coragem, tenacidade e fé.
Estava almoçando no restaurante da rodoviária em Itabaiana com Marcos Veloso e Clévia Paz, quando fui apresentado a uma figura que imediatamente me fez sacar meu caderninho de notas para os temas mais inesperados que surgem do nada, e se encaixam na feição deste blog. No momento inaugurei uma câmera digital que comprei fiado do meu compadre Gilberto Júnior, tirando o retrato da figura. É um rapaz por nome Reginaldo Marques, agricultor ocasional, intérprete e compositor profissional, morador do Porto da Canoa, distrito de Guarita, município de Itabaiana.
Não sabia, mas fiquei sabendo que Reginaldo Marques já gravou um Long Play (os da novíssima geração nem sabem o que significa isso) e quatro CDs de músicas românticas, comumente chamadas de brega. Sua melhor lembrança: fez uma música em louvor da atriz Daniela Perez, assassinada pelo namorado, e recebeu um telefonema de agradecimento da mãe da falecida.
Nosso cantor tem sofrido muito para distribuir seu último CD, obra que contou com a participação de Mó do Acordeão, filho de Pinto do Acordeão, Glauco do “Colo de Menina” e outros cobras da música regional bregueira. O caso é que o público não aceitou o trabalho de Reginaldo. Não ouvi o dito cujo, mas soube que é ruim de correr água, desses que o sujeito recebe de graça e ainda faz cara feia. Outros simplesmente recusam, com a desculpa de que o som quebrou. Mas Reginaldo não desfalece, acredita no seu trabalho e segue conduzindo seu sonho nesse mundo de gente insensível. Para divulgar o CD, paga cinco reais aos meninos dos carrinhos de CD pirata para tocarem o disco pelas ruas. Os safados simplesmente boicotam e não tocam o disco de Reginaldo. “Sai do ar” no momento em que o cantor dá as costas. Por isso ele vive pelas ruas, emboscando os carrinhos, conferindo se o CD está sendo executado.
O artista percebeu meu interesse, procurou saber se eu era radialista. Seus olhos brilhavam enquanto falava da carreira artística. Quando perguntei se era agricultor, vi seu semblante envergonhado. Disse que nas horas vagas cultivava uma terrinha em Pororoca de Guarita, mas sua profissão é cantor e compositor. Nosso artista não é filiado à Ordem dos Músicos nem ao famigerado Ecad, que arrecada direitos autorais. Tem carteirinha, que fez questão de mostrar, da Sociedade Brasileira de Administração e Proteção de Direitos Intelectuais, entidade da qual também jamais ouvi falar.
Portanto, quem quiser ouvir o CD de Reginaldo Marques, é só entrar em contato que eu sou o seu mais novo divulgador. Não entro no mérito da qualidade das músicas, que nem cheguei a escutar, mas admiro as pessoas que sustentam um inabalável propósito, por ele vivem e com ele morrem. Pode ser um produto vagabundo, sem qualidade artística, mas agrega os valores da coragem, tenacidade e fé.
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