Uma vida dedicada à morte
Fábio Mozart
Uma vida inteira dedicada à morte. Esta frase sintetizaria a trajetória de um homem simples que se dedicou a cuidar dos mortos no cemitério de Itabaiana. Trata-se de Azarias Cunha da Costa, que durante muitos anos foi administrador do cemitério e aprendeu a conviver com os sentimentos de tristeza, de finitude, de medo, de abandono, de fragilidade e insegurança que acompanham o ato de sepultar alguém, e disso fez sua missão de vida. Passou o tempo todo cuidando do cemitério como se fosse sua casa.
Diz um ditado: “teme mais a morte quem mais temeu a vida”. Azarias não teme a morte, porque durante toda a sua vida, até se aposentar recentemente, como pessoa inteligente que é, foi estimulado a profundas reflexões sobre a própria vida. No cemitério, Azarias teve um importante curso intensivo e saudável de balanço emocional, e hoje vê a morte com aceitação de paz, com dignidade e bem estar emocional.
Azarias é um caso singular de alguém que amou seu trabalho e a ele se dedicou a ponto de, agora aposentado, ainda viver traçando projetos para melhorar nosso campo santo. Quem vai à sua casa, encontra-o debruçado sobre mapas e plantas baixas do cemitério, como um devotado amador.
Quando não tinha de cuidar de nenhum sepultamento no cemitério de Itabaiana, Azarias aproveitava o tempo livre para corrigir seus mapas ou ler sua Bíblia e seus velhos livros de filosofia. Cuidar de cadáveres é um ofício penoso, pelo menos para quem não tem o hábito. Azarias adorava, e adora, aquele ambiente de paz do cemitério. Para ele, o melhor lugar para trazer a filosofia para a prática é o cemitério. “A filosofia trata da existência e do ser. A morte está nesse meio”, afirma. “Eu não gosto de filosofia acadêmica. Prefiro estar com o povo. Fico vendo como as pessoas tentam adocicar a morte com eufemismos e como desejam a imortalidade. Veja esses túmulos: todos são grandes e têm o nome das famílias em letras garrafais. Mesmo mortos, querem ser imortais”, filosofa Azarias.
Minha homenagem àquele que, no desempenho das suas funções no cemitério de Itabaiana, sempre o fez com enorme profissionalismo, dedicação e sobretudo na dignificação daquele espaço tão nobre que serve à nossa cidade.
Fábio Mozart
Uma vida inteira dedicada à morte. Esta frase sintetizaria a trajetória de um homem simples que se dedicou a cuidar dos mortos no cemitério de Itabaiana. Trata-se de Azarias Cunha da Costa, que durante muitos anos foi administrador do cemitério e aprendeu a conviver com os sentimentos de tristeza, de finitude, de medo, de abandono, de fragilidade e insegurança que acompanham o ato de sepultar alguém, e disso fez sua missão de vida. Passou o tempo todo cuidando do cemitério como se fosse sua casa.
Diz um ditado: “teme mais a morte quem mais temeu a vida”. Azarias não teme a morte, porque durante toda a sua vida, até se aposentar recentemente, como pessoa inteligente que é, foi estimulado a profundas reflexões sobre a própria vida. No cemitério, Azarias teve um importante curso intensivo e saudável de balanço emocional, e hoje vê a morte com aceitação de paz, com dignidade e bem estar emocional.
Azarias é um caso singular de alguém que amou seu trabalho e a ele se dedicou a ponto de, agora aposentado, ainda viver traçando projetos para melhorar nosso campo santo. Quem vai à sua casa, encontra-o debruçado sobre mapas e plantas baixas do cemitério, como um devotado amador.
Quando não tinha de cuidar de nenhum sepultamento no cemitério de Itabaiana, Azarias aproveitava o tempo livre para corrigir seus mapas ou ler sua Bíblia e seus velhos livros de filosofia. Cuidar de cadáveres é um ofício penoso, pelo menos para quem não tem o hábito. Azarias adorava, e adora, aquele ambiente de paz do cemitério. Para ele, o melhor lugar para trazer a filosofia para a prática é o cemitério. “A filosofia trata da existência e do ser. A morte está nesse meio”, afirma. “Eu não gosto de filosofia acadêmica. Prefiro estar com o povo. Fico vendo como as pessoas tentam adocicar a morte com eufemismos e como desejam a imortalidade. Veja esses túmulos: todos são grandes e têm o nome das famílias em letras garrafais. Mesmo mortos, querem ser imortais”, filosofa Azarias.
Minha homenagem àquele que, no desempenho das suas funções no cemitério de Itabaiana, sempre o fez com enorme profissionalismo, dedicação e sobretudo na dignificação daquele espaço tão nobre que serve à nossa cidade.
Nenhum comentário:
Postar um comentário