terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Queremos ouvir o professor

Fábio Mozart

“Atores somos todos nós,
e cidadão não é aquele que vive em sociedade:
é aquele que a transforma”.
(Augusto Boal)

Quando instalamos o Ponto de Cultura Cantiga de Ninar, a primeira providência foi visitar todas as escolas públicas e falar sobre os objetivos do projeto, pedindo endereços e outras formas de contato com os mestres itabaianenses para um efetivo e permanente diálogo.

O motivo é simples: nossa clientela preferencial é o aluno da rede pública. Através do professor, pretendemos chegar até ele para que venha ao Ponto complementar sua educação, fazendo teatro, estudando música, artesanato, mexendo com o computador, vendo cinema de qualidade e principalmente fazendo não só cinema como interagindo com todas as formas de arte.

O professor, um ser tão silencioso, vai ter também no Ponto de Cultura uma possibilidade de valorizar seu trabalho, discutir os temas relevantes para a educação, propor idéias e trabalhar formas de melhorar o ensino. Porque é de se notar que o professor só aparece de forma negativa. Todos os males do ensino são debitados ao pobre do professor que ganha pouco, não tem incentivo quase nenhum e ainda querem que seja bem formado, interessado e sempre presente na escola. A questão não é de competência, é de gestão do ensino, mas isso já é outra discussão.

Por enquanto, valorizemos o trabalho do docente, que vive desanimado e calado diante de mecanismos repressivos que impedem o seu livre pensar. Na rádio web, teremos um espaço destinado aos professores da rede pública, onde educação será discutida livremente.

Sobre o assunto, informo que o Congresso aprovou projeto que prevê punição para o estudante que agredir o professor. Ele poderá ser transferido para outra sala de aula, afastado da escola ou ainda proibido de aproximar-se do professor ofendido ou de seus familiares. De acordo com a proposta, será considerada violência contra o professor “qualquer ação ou omissão decorrente da relação de educação que lhe cause morte, lesão corporal ou dano patrimonial”, praticada direta ou indiretamente por alunos ou seus pais ou responsáveis.

O senador Paulo Paim, um dos propositores, disse que é preciso proteger o professor. Tem uma pesquisa que indica que 89% dos professores gostariam de contar com uma lei que os protegesse de agressões praticadas por alunos. Isso porque a maior preocupação da sociedade hoje não é mais com a qualidade do ensino, mas com a violência escolar, segundo o relator da matéria, senador Flávio Arns.

FOTO: Em primeiro plano, professora Nel Ananias, decana e legendária mestra itabaianense, no Ponto de Cultura Cantiga de Ninar

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