Fábio Mozart
João Pessoa era apenas uma imagem de cidade grande aos olhos de um menino, cheia de mistérios emaranhados entre velhos sobrados e rios mansos, o desconhecido de uma cidade exótica, ao mesmo tempo aristocrática e primitiva. Guardo a constituição daquelas imagens antigas, resgatadas sempre que puxo o filme dos meus primeiros anos, um encontro sedutor e desafiante. A cidade deixando-se descobrir na distância e no desconhecido, o menino germinando a fascinação pela urbe provinciana que aos seus olhos parecia a grande metrópole berço do desconhecido.
Essa distância íntima viajava no velho jipe do meu pai, fazendo o percurso Itabaiana-João Pessoa nas esburacadas estradas dos anos 70, uma viagem que não chegava nunca, que voltava eternamente ao desconhecido, como um calidoscópio vertiginoso, produzindo um número infinito de combinações que mergulhavam nas retraídas águas do Sanhauá. Desmistificada anos depois, João Pessoa veio a me propor novos modos de percepção estética. Mas não deixei para trás a cidade dos sonhos, elevada e comoventemente poética. Esse ambiente quase mítico ainda mora em mim, quem sabe uma resposta ao impacto alienante da vida moderna, da desumanização, do crescimento desordenado. O espaço urbano limpo, o silêncio e a simplicidade das pequenas aglomerações urbanas, o retrato imaginário que ainda hoje carrego comigo, foto 3x4 do meu mundo dos sonhos, o sublime das imagens de antigas igrejas, velhos faustos, vetustas riquezas.
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CLIC colunafabiomozart.blogspot.com
João Pessoa era apenas uma imagem de cidade grande aos olhos de um menino, cheia de mistérios emaranhados entre velhos sobrados e rios mansos, o desconhecido de uma cidade exótica, ao mesmo tempo aristocrática e primitiva. Guardo a constituição daquelas imagens antigas, resgatadas sempre que puxo o filme dos meus primeiros anos, um encontro sedutor e desafiante. A cidade deixando-se descobrir na distância e no desconhecido, o menino germinando a fascinação pela urbe provinciana que aos seus olhos parecia a grande metrópole berço do desconhecido.
Essa distância íntima viajava no velho jipe do meu pai, fazendo o percurso Itabaiana-João Pessoa nas esburacadas estradas dos anos 70, uma viagem que não chegava nunca, que voltava eternamente ao desconhecido, como um calidoscópio vertiginoso, produzindo um número infinito de combinações que mergulhavam nas retraídas águas do Sanhauá. Desmistificada anos depois, João Pessoa veio a me propor novos modos de percepção estética. Mas não deixei para trás a cidade dos sonhos, elevada e comoventemente poética. Esse ambiente quase mítico ainda mora em mim, quem sabe uma resposta ao impacto alienante da vida moderna, da desumanização, do crescimento desordenado. O espaço urbano limpo, o silêncio e a simplicidade das pequenas aglomerações urbanas, o retrato imaginário que ainda hoje carrego comigo, foto 3x4 do meu mundo dos sonhos, o sublime das imagens de antigas igrejas, velhos faustos, vetustas riquezas.
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