Como o apresentador e o bandido eram o mesmo, programa de TV de Manaus tinha a notícia em primeira mão.CHEIRO DE CHURRASCO Wallace (acima) e o corpo da vítima que foi filmado ainda em chamas: a TV chegou antes da polícia.
O repórter caminha em um matagal enquanto fala ao microfone. "Cheiro de churrasco queimado", diz ele, cobrindo o nariz com a gola da camisa. "Taí o corpo", afirma alguns passos mais adiante. "É do sexo masculino. Foi desovado aqui. Inclusive tacaram fogo nele." A cena foi ao ar em Manaus, pouco antes da hora do almoço, no programa Canal Livre, em setembro de 2008. Depoimentos colhidos pela Justiça do Amazonas neste ano indicam que o corpo, que ainda exalava fumaça nas imagens da TV, era de um traficante de drogas assassinado por ordem do filho do apresentador do Canal Livre, Wallace Souza. Os detalhes revelam uma surpreendente associação entre o crime e a busca por audiência.
A história completa, de acordo com o inquérito, é a seguinte: ao saber que um carregamento de 30 quilos de cocaína chegaria ao Porto de Manaus, o filho do apresentador, Raphael Souza, reuniu um grupo de policiais militares para matar o traficante. Eles se apossaram da carga e avisaram o programa de TV. No mesmo mês, de acordo com depoimentos que estão no inquérito, Wallace e uma equipe de TV esperaram pacientemente na rua até o apresentador ser avisado, por telefone, da ocorrência de um crime. A equipe chegou a tempo de filmar a agonia da vítima, morta com quatro tiros. Para a polícia, o crime foi cometido por seguranças de Wallace. O Ministério Público denunciou o apresentador e o filho por seis homicídios, número que, dependendo das investigações, pode passar de dez.
Além de apresentador, Wallace é o deputado estadual mais votado do Amazonas. Em companhia do filho e de policiais militares, de arma na mão e colete à prova de balas, ele foi filmado várias vezes invadindo casas, agredindo pessoas e estourando bocas de fumo. Seu lema era "bandido bom é bandido morto". A polícia diz que, além de obter imagens inéditas para o programa, o propósito era se apossar da droga de outros traficantes e conquistar pontos de venda. Em todos os homicídios que podem ter tido a participação dos Souza a vítima era ligada ao narcotráfico. Por sinal, Raphael ainda fazia questão de comparecer aos enterros.
Também está no processo que pai e filho ordenaram atos de vandalismo, quebrando vitrines de lojas e janelas de prédios públicos. Além de usar as cenas no programa, eles tinham como objetivo criar uma sensação generalizada de insegurança em Manaus. O pânico, acreditavam, facilitaria a ascensão de Wallace ao cargo de secretário de Segurança Pública. Por ser deputado, Wallace conta com foro privilegiado e está sendo julgado pelo Tribunal de Justiça do Amazonas. Pode ser indiciado por formação de quadrilha, porte ilegal de armas, corrupção de testemunhas e associação ao tráfico de drogas. Seu filho terá a sentença decretada no fim deste mês. Bandido bom é bandido preso.
A história completa, de acordo com o inquérito, é a seguinte: ao saber que um carregamento de 30 quilos de cocaína chegaria ao Porto de Manaus, o filho do apresentador, Raphael Souza, reuniu um grupo de policiais militares para matar o traficante. Eles se apossaram da carga e avisaram o programa de TV. No mesmo mês, de acordo com depoimentos que estão no inquérito, Wallace e uma equipe de TV esperaram pacientemente na rua até o apresentador ser avisado, por telefone, da ocorrência de um crime. A equipe chegou a tempo de filmar a agonia da vítima, morta com quatro tiros. Para a polícia, o crime foi cometido por seguranças de Wallace. O Ministério Público denunciou o apresentador e o filho por seis homicídios, número que, dependendo das investigações, pode passar de dez.
Além de apresentador, Wallace é o deputado estadual mais votado do Amazonas. Em companhia do filho e de policiais militares, de arma na mão e colete à prova de balas, ele foi filmado várias vezes invadindo casas, agredindo pessoas e estourando bocas de fumo. Seu lema era "bandido bom é bandido morto". A polícia diz que, além de obter imagens inéditas para o programa, o propósito era se apossar da droga de outros traficantes e conquistar pontos de venda. Em todos os homicídios que podem ter tido a participação dos Souza a vítima era ligada ao narcotráfico. Por sinal, Raphael ainda fazia questão de comparecer aos enterros.
Também está no processo que pai e filho ordenaram atos de vandalismo, quebrando vitrines de lojas e janelas de prédios públicos. Além de usar as cenas no programa, eles tinham como objetivo criar uma sensação generalizada de insegurança em Manaus. O pânico, acreditavam, facilitaria a ascensão de Wallace ao cargo de secretário de Segurança Pública. Por ser deputado, Wallace conta com foro privilegiado e está sendo julgado pelo Tribunal de Justiça do Amazonas. Pode ser indiciado por formação de quadrilha, porte ilegal de armas, corrupção de testemunhas e associação ao tráfico de drogas. Seu filho terá a sentença decretada no fim deste mês. Bandido bom é bandido preso.
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