Nem o registro frio da imprensa mereceu a morte de Fofão. Um gaiato de Mari foi quem me informou: morreu Fofão, caído na rua, consumido por décadas de cachaça. Seu organismo quase que se acostumava com o álcool, mas, igual ao cavalo do português, morreu antes de se acostumar.
É certo que Fofão não foi um sujeito socialmente correto. Era um ébrio, um bêbado improdutivo. O gosto pela birita veio desde quando trabalhava como garçom. Bebendo os restos dos copos dos clientes, Fofão foi consumindo cada vez mais o álcool da cerveja, vinho, cana, conhaque e o que fosse, dependendo do gosto do freguês.
Cada vez que esvaziava um copo, Fofão atentava contra si próprio, mas “sem perder a ternura jamais”. Foi sempre um rapaz cordial e educado. Após dias e noites de bebedeira, estava sempre com um sorriso no rosto largo, de bochechas proeminentes que lhe valeram o apelido. Seu grande amigo Beba do Violão lamentou a morte do companheiro por excesso de bebida, e foi curar as mágoas do seu jeito: enchendo a cara, tocando canções bregas com o eterno seresteiro dos cabarés, o imortal Heleno Boca de Rosa.
Faço aqui meu registro da morte do estimado amigo Fofão. Por encher a lata dia e noite, não o condeno. Fui seu companheiro de mesa no bar de Nelson, em Manoel do Bar, no bar Canaã, no Bar de Zezinho Kalai, na pensão de Maria Pintada e outros botecos menos votados de Mari. Os puritanos e falsos moralistas não podem condenar o barato de Fofão. Alcoólatra, era um homem digno, cordato, sujeito do bem. Conheço camarada metido a direito que tem vícios inconfessáveis, mas é o primeiro a condenar um ser humano que, por infelicidade, entrega sua vida ao alcoolismo. Mas com dignidade. Tem nego que, quando bebe, fica brabo, ou revela sua porção mulher, ou vira um canalha da pior espécie. Fofão sempre foi um bêbado calmo, tolerante, humilde e sereno. Nunca o vi alterado, desrespeitador ou violento quando estava de porre, quase sempre.
O escritor cearense José de Alencar escreveu sobre a cachaça dos índios, no seu romance Ubirajara: “o cauim queima a boca do guerreiro, mas derrama a alegria dentro d’alma”. Assim, o alcool devorou o organismo de Fofão, mas não o tornou um sujeito amargo, pelo contrário.
Na foto do blog, da esquerda para a direita, Fofão, Beba do Violão e este brahmeiro que vos fala, tomando “a do almoço” no bar Canaã. Note-se que eu estou vestido com a farda de torcedor do glorioso Botafogo carioca, mais um motivo para comemorar.
É certo que Fofão não foi um sujeito socialmente correto. Era um ébrio, um bêbado improdutivo. O gosto pela birita veio desde quando trabalhava como garçom. Bebendo os restos dos copos dos clientes, Fofão foi consumindo cada vez mais o álcool da cerveja, vinho, cana, conhaque e o que fosse, dependendo do gosto do freguês.
Cada vez que esvaziava um copo, Fofão atentava contra si próprio, mas “sem perder a ternura jamais”. Foi sempre um rapaz cordial e educado. Após dias e noites de bebedeira, estava sempre com um sorriso no rosto largo, de bochechas proeminentes que lhe valeram o apelido. Seu grande amigo Beba do Violão lamentou a morte do companheiro por excesso de bebida, e foi curar as mágoas do seu jeito: enchendo a cara, tocando canções bregas com o eterno seresteiro dos cabarés, o imortal Heleno Boca de Rosa.
Faço aqui meu registro da morte do estimado amigo Fofão. Por encher a lata dia e noite, não o condeno. Fui seu companheiro de mesa no bar de Nelson, em Manoel do Bar, no bar Canaã, no Bar de Zezinho Kalai, na pensão de Maria Pintada e outros botecos menos votados de Mari. Os puritanos e falsos moralistas não podem condenar o barato de Fofão. Alcoólatra, era um homem digno, cordato, sujeito do bem. Conheço camarada metido a direito que tem vícios inconfessáveis, mas é o primeiro a condenar um ser humano que, por infelicidade, entrega sua vida ao alcoolismo. Mas com dignidade. Tem nego que, quando bebe, fica brabo, ou revela sua porção mulher, ou vira um canalha da pior espécie. Fofão sempre foi um bêbado calmo, tolerante, humilde e sereno. Nunca o vi alterado, desrespeitador ou violento quando estava de porre, quase sempre.
O escritor cearense José de Alencar escreveu sobre a cachaça dos índios, no seu romance Ubirajara: “o cauim queima a boca do guerreiro, mas derrama a alegria dentro d’alma”. Assim, o alcool devorou o organismo de Fofão, mas não o tornou um sujeito amargo, pelo contrário.
Na foto do blog, da esquerda para a direita, Fofão, Beba do Violão e este brahmeiro que vos fala, tomando “a do almoço” no bar Canaã. Note-se que eu estou vestido com a farda de torcedor do glorioso Botafogo carioca, mais um motivo para comemorar.
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