quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Gisa Veiga - A ponta do iceberg

“Não sei de nada... o que está acontecendo mesmo”?

Não, não é o Presidente Lula falando. É o governador da Paraíba, José Maranhão, que finge não saber de nada de ruim que acontece em torno dele. Ou com o consentimento dele, sei lá.

Se Maranhão não sabe das coisas gravíssimas que gravitam em torno dele, a oposição tem que fazer o papel de informante do governador. Então, que a oposição investigue direitinho outras empresas que poderiam estar sendo beneficiadas com, digamos, a generosidade do Estado em relação às suas dívidas com o Fisco. Como a Ambev, por exemplo.

Cito a Ambev porque dois leitores meus “cantaram a pedra”. Pode ser só futrica de mau gosto. Mas outras pessoas também espalharam o mesmo boato pela cidade. Se for só boato, ótimo. Mas se existe algo de tenebroso no ar, que o lado bom do governo e a oposição, é claro, investiguem para não deixar o cofre do Estado furado.

Além da Ambev, que está sendo citada sem que até agora ninguém prove alguma coisa contra ela, outras, ou melhor, todas as empresas contribuintes devem ser minuciosamente investigadas. Se ocorreu uma trapalhada em relação ao Moinho Dias Branco, quem garante que outras empresas também não teriam ou estariam a ponto de serem beneficiadas com redução ou perdão de dívidas astronômicas sem qualquer justificativa convincente?

A oposição, cujo papel é o de fiscalizar o governo, não pode dormir no ponto. Tem que tomar as rédeas da investigação. A denúncia do Moinho Dias Branco caiu de paraquedas para a oposição. Mas não dá pra ficar esperando que tudo caia prontinho em suas mãos. Arregacem as mangas e mãos à obra. Investiguem. E não apenas investiguem as denúncias que lhes cheguem às mãos, mas tudo o que possa ser potencialmente alvo de corrupção.

Não basta apenas convocar Marcelo Weick para ouvir, na Assembléia Legislativa, as mesmas explicações que ele tem dado à imprensa. Isso é bom pra tirar fotos e proveito da situação, claro, que ninguém é besta. Mas é preciso muito mais.

O Caso do Moinho pode ser apenas um caso isolado, um tremendo mal-entendido, ou um teste dos espertos tipo “se colar, colou”. Mas, também, pode ser a ponta de um iceberg.

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