Félix Cachaça e Zé Dudu
Fábio Mozart
Vendo as fotos do meu União de Itabaiana, enviadas pelo professor Edmilson Jurema para o blog Itabaiana Hoje, bate a recordação dos tempos do bom futebol itabaianense, onde a saudável rivalidade entre Vila Nova e União levava multidões ao “Severino Paulino” em tardes domingueiras memoráveis. Meu pai Arnaud Costa foi presidente do União nos bons tempos. O próprio Edmilson foi uma lenda na zaga desse time tão estimado. Jurema era o que se chama de “pau de dar em doido”, foice roçadeira que minava as pernas dos atacantes adversários, cão de guarda valente.
Lembro de todos os atletas das duas fotos, em épocas distintas do querido União Sport Clube, que hoje parece estar hibernando. Aliás, o futebol amador em todo lugar anda decadente. Quem gosta de futebol e hoje tem pelo menos 50 anos, deve recordar com saudade – e uma ponta de frustração – dos bons tempos do futebol itabaianense. Os cartolas eram mais competentes e dedicados. Botavam dinheiro do próprio bolso no clube, sem esperar retorno. Esses abnegados não existem mais. Os times medíocres de hoje são formados por rapazes que mal sabem os rudimentos do futebol, mas se recebem um elogio qualquer, já querem grana pra jogar no time. Nos antigamentes, craque era paparicado, mas não recebia dinheiro. Atleta mediano pagava pra jogar. A evolução decrescente do nosso futebol precisa ser repensada.
Mas hoje quero falar do maior ponta-direita do futebol itabaianense que vi jogar, o incrível Félix Cachaça, cujos dribles lembravam o imortal Garrincha. Nas tardes de domingo, quando jogavam Botafogo da Maloca e União, a torcida delirava com o embate desigual entre o perna-de-pau Zé Dudu e o ponteirinho Félix Cachaça. Rapaz humilde, Félix não humilhava seus marcadores de propósito, mas, igual a Garrincha, fazia questão de dar espetáculo, principalmente tendo um coadjuvante bufão.
Certo dia, Félix Cachaça driblou Zé Dudu umas três vezes e voltou da linha de fundo só para repetir os dribles e ouvir a risadagem da torcida. Cansado do seu papel de touro na arena, Zé Dudu arrancou o pau da bandeira do córner e tascou no lombo de Félix Cachaça. Resultado: o juiz Nivaldo da Praça expulsou Zé Dudu por “jogo violento” e também botou Félix Cachaça pra fora por “desrespeito ao adversário e atitude antidesportiva”. Nivaldo e Dudu já foram para o andar de cima. De Félix Cachaça nunca mais tive notícias.
Fábio Mozart
Vendo as fotos do meu União de Itabaiana, enviadas pelo professor Edmilson Jurema para o blog Itabaiana Hoje, bate a recordação dos tempos do bom futebol itabaianense, onde a saudável rivalidade entre Vila Nova e União levava multidões ao “Severino Paulino” em tardes domingueiras memoráveis. Meu pai Arnaud Costa foi presidente do União nos bons tempos. O próprio Edmilson foi uma lenda na zaga desse time tão estimado. Jurema era o que se chama de “pau de dar em doido”, foice roçadeira que minava as pernas dos atacantes adversários, cão de guarda valente.
Lembro de todos os atletas das duas fotos, em épocas distintas do querido União Sport Clube, que hoje parece estar hibernando. Aliás, o futebol amador em todo lugar anda decadente. Quem gosta de futebol e hoje tem pelo menos 50 anos, deve recordar com saudade – e uma ponta de frustração – dos bons tempos do futebol itabaianense. Os cartolas eram mais competentes e dedicados. Botavam dinheiro do próprio bolso no clube, sem esperar retorno. Esses abnegados não existem mais. Os times medíocres de hoje são formados por rapazes que mal sabem os rudimentos do futebol, mas se recebem um elogio qualquer, já querem grana pra jogar no time. Nos antigamentes, craque era paparicado, mas não recebia dinheiro. Atleta mediano pagava pra jogar. A evolução decrescente do nosso futebol precisa ser repensada.
Mas hoje quero falar do maior ponta-direita do futebol itabaianense que vi jogar, o incrível Félix Cachaça, cujos dribles lembravam o imortal Garrincha. Nas tardes de domingo, quando jogavam Botafogo da Maloca e União, a torcida delirava com o embate desigual entre o perna-de-pau Zé Dudu e o ponteirinho Félix Cachaça. Rapaz humilde, Félix não humilhava seus marcadores de propósito, mas, igual a Garrincha, fazia questão de dar espetáculo, principalmente tendo um coadjuvante bufão.
Certo dia, Félix Cachaça driblou Zé Dudu umas três vezes e voltou da linha de fundo só para repetir os dribles e ouvir a risadagem da torcida. Cansado do seu papel de touro na arena, Zé Dudu arrancou o pau da bandeira do córner e tascou no lombo de Félix Cachaça. Resultado: o juiz Nivaldo da Praça expulsou Zé Dudu por “jogo violento” e também botou Félix Cachaça pra fora por “desrespeito ao adversário e atitude antidesportiva”. Nivaldo e Dudu já foram para o andar de cima. De Félix Cachaça nunca mais tive notícias.
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